7.11.08

Quanta falta você me faz...

Você já viu um leque? Um leque nada mais é do que um objeto simples formado por diversas varetas internas e externas presas por uma "folha". Esta armação faz com que o objeto possa ser aberto e rapidamente tornar-se um abanador, sua principal função nos dias de hoje. Isso porque no passado as damas da nobreza utilizavam o leque como um elemento de sedução. Criou-se até, imaginem só, uma linguagem do leque. O leque fechado dizia: "cuidado, nos observam”... O leque aberto imóvel: "o terreno está livre”... O abano forte do leque:"amo-te muito"... E assim por diante.

O tempo passou e com o sinal da modernidade o leque foi quase extinto da sociedade. Nem mesmo na função de abanador ele é visto... Há, diga-se de passagem, muita gente a lamentar a ausência dos leques. Aliás, atualmente é mais comum ouvir a palavra "leque" quando se trata da expressão "leque de opções".

Outro sinal dos tempos e da modernidade é o fato de haver certa escassez de profissionais devidamente capacitados para certas profissões. O técnico de qualquer time brasileiro que o diga. Árbitros gerais de tênis e diretores de torneios hão de concordar também. E nestes casos a expressão “leque de opções” é mais do que bem-vinda. O que sabe também é que aqueles que não têm este tal leque de opção acabam como as chinesas dos séculos passados: passando mal de calor e com uma bela dor de cabeça. Há quem diga que no calor da cidade de Americana, a falta do leque causa estragos até maiores.

26.9.08

Projeto de reflexões

Em torneios de tênis quando escurece sempre surge a voz do árbitro ao microfone solicitando para alguém ligar a iluminação. A grande polêmica surgiu neste instante. Diferente do que estamos acostumados a ouvir o árbitro proclamou:
- Manutenção na escuta, por favor. Acenda os projetores.
Todas as pessoas da sala se entreolharam com a interrogação na testa: “Porque este cara não falou refletores, iluminação, lâmpada, qualquer coisa, mas projetores, não”. Em seguida, as mesmas pessoas da sala tiraram a interrogação da testa e lançaram a pergunta diretamente para o autor da frase.
Surpreso, para a nossa surpresa, ele se justificou e explicou.
O rapaz tinha, deve-se reconhecer, um conhecimento profundo em elétrica e fez questão de nos dar uma aula e agora sabemos. Para que todos também saibam, há o poste. No topo do poste há o projetor! Dentro do projetor há a lâmpada, o refletor e mais outro aparelho de nome impublicável. Aí é fácil. O projetor... projeta. O refletor... reflete.
Compreendemos e até certo ponto concordamos. Do ponto de vista teórico, sem problemas. Mas alguém já falou “ei, tá escuro, acendo os projetores”, ou “putz, os projetores da quadra queimaram” ou ainda, “droga, se tivesse projetor dava pra jogar até mais tarde”. Eu nunca. Na sala ninguém. Segundos depois, ficamos cientes que no clube ninguém nunca havia pronunciado a tal palavra com esse intuito.
Não preciso dizer que o número de piadas foi incomensurável. Apenas por hobby e para acender a discussão, parti de uma definição do dicionário que diz que o verbo acender pode ser usado como iluminar. Logo, o projetor projetava a luz no refletor, que refletia a luz, iluminava, ou acendia. Depois de quarenta minutos de discussão, de acende, apaga, liga, desliga, lua reflete e sol projeta lembrei da canção De Volta ao Samba de Chico Buarque e coloquei em alto e bom som para todos da sala:

“Pois quando de uma vez por todas
Eu me for
E o silêncio me abraçar
Você sambará sem mim
Acenda o refletor
Apure o tamborim
Aqui é o meu lugar
Eu vim”
Depois de ouvirmos a música, soltei:
- Olha, você pode estar coberto de razão, mas me desculpe é o Chico Buarque quem está dizendo.

Remediando

- Boa noite, Leonardo. Quais são os sintomas?
- Febre, dores no corpo e garganta fechada...
- Deixa-meeu examinar... Respira fundo... De novo... Mais uma vez... Agora respira normal... De novo... Poe a língua para fora e faz um “a”bem grande - eles não mudam o discurso.
- Aaa - contido
-Nossa!Já deu, já deu.
Os dois sentam.
- Bom, você vai tomar esse 10 dias, aquele 7 dias, o outro é para isso durante 10 dias e mais aquele até parar a febre.
- Tá certo, doutor.
Na farmácia.
- Preciso disso, desse, daquele e do outro.
- Prontinho. R$187,00, senhor.
Engoli ainda mais seco. A garganta doeu mesmo.
Em casa, a irmã do doente e fã de bulas, comenta:
- Seus remédios provocam diarréia. Está escrito na bula
Pensei comigo mesmo: “Então vou tomar um remédio para diarréia, mas ouvi dizer que muito remédio ataca o estômago. Resolvi ligar para o médico.
- Doutor, se eu tomar um remédio para dor de barriga e outro para dor de estômago, tudo bem?
- Bom, o problema é que esse para dor de estômago corta o efeito daqueles quatro outros remédios...
Conclusão: O que não tem remédio desprevenido está

3.9.08

15.7.08

A flor "assim"

Tem dias em que nos sentimos meio assim, não é? Por experiência pessoal, posso dizer que tudo começou há mais de um ano. Foi quando eu me senti muito “assim”. Cadê aquela força para levantar um quilo na academia? Não tem. E aquele mínimo esforço para pressionar uma tecla? Fugiu. Tão acostumado a colocar os outros para cima, de pouquinho em pouquinho e de repente estava lá no fundo e senti na pele. Tão fina quanto a própria derme é o limite da alegria e tristeza; sonho e frustração; vontade e desânimo. Todos os obstáculos em que sai pela tangente ao longo dos meus anos não haviam sido transpostos e me habitavam. Às vezes nem a luz no final do túnel somos capazes de ver. Mas sempre há alguém capaz de mostrar. E quem sabe pessoa só exista na sua vida para isso. Para num dado iluminar um caminho. Mesmo que essa “dádiva” faça das construções de dias compartilhados, escombros desavisados e sombrios. “E assim, seja lá como for vai ter fim a infinita aflição e o mundo vai ver uma flor brotar do impossível chão”. O chão remoído, cuidado e cultivado por um ano fez brotar a flor. Hoje ela sente sede apesar de se sentir meio “assim” neste dia.

26.4.08

Boa noite!

Goodnight backpackers é o nome de um albergue em Lisboa. O turno da madrugada lá começa às 24h e a resposável em zelar pelo hostel até as 8h30 do dia seguinte é uma ucraniana. Deve ter 1,70 m e pouco de altura, cabelos loiros estilo chanel e muita história para contar somada a vontade de contar.

Carrega uma carência inerente a solidão do horário. Desembestava a falar, mesmo quando eu mirava meu olhar fixo e concentrado no computador concentrado. Para não parecer mal-educado acabava por dar trela. Mas no fundo minha curiosidade nas histórias que ela ofereceria. Um dia me faz levantar para provar que sabia aonde era São Paulo e mostrar a sua cidade natal, no interior da Ucrânia.

Ela fala o português de Portugal, um pouco de russo e a língua de seu país. Nasceu na antiga URSS e foi morar em Portugal porque se casou com um português. Juntos, o casal tem um filho de 14 anos. Ela casou-se com 20 e pela aparência o filho deve ter vindo logo depois da união.

Já faz sete anos que ela vive na terra de Cabral. E por falar nele, nas nossas conversas de fim de noite, ela mostras suas descobertas. Diz que na vida fez tudo ao contrário. Resignida-se. Reconhece que deveria ter seguido a ordem 'natural', ou moral e ter estudado primeiro, feito faculdade e aí sim casado. Reclama que ganha pouco. Além do albergue, ela tem outro trabalho durante o dia. O marido é pedreiro. "Se fosse na Ucrânia seria engenheiro, aqui é pedreiro", diz ela rindo. Uma risada de não-alegria.

Numa outra madrugada ela sussurrou: "já tenho passagem comprada para Ucrânia". Eu disse apenas "ah é?" Foi o suficiente para ela me explicar todas opções de preços para fazer a viagem, porque havia escolhido tal companhia e orgulhosa revelou: "eu achei tudo isso sem saber mexer direito na internet".

Está preser a concluir a reforma de uma casa na Ucrânia e não esconde a ansiedade em voltar para seu país.

O desejo é de vencer. O desejo é de Victoria.

16.4.08

Em cadeia

Uma mala com três bolsos e uma mochila com duas divisões. Eu precisava de cinco cadeados. A primeira alternativa era que os cinco equipamentos fossem de código e que fosse um modelo possível de alterar a senha.

Na primeira tentativa em uma grande rede de supermercados fui informado de que no estabelecimento não eram vendidos o tal objeto. Nem de código alterável, nem de código fixo, tampouco o tradicional com a chavinha.

O segundo passo foi um hipermercado. Para a minha surpresa a resposta foi igual a da loja anterior

Não é possível que eu não encontre um cadeado...Como não vendem isso em supermercado? Tem lanterna, durex, lápis, maçã, e cadeado não...
Desisti de supermercados e após algumas indicações voltei minha busca para os depósitos de material de construção.

Opa. Logo de primeira duas opções de cadeado com código. Observo, abro, fecho escolho um e aí me lembro de perguntar a vendedora. - É possível alterar o código? Não havia tecnologia suficiente para isso. Vejam que interessante. Eu teria algumas horas para decorar cinco códigos de 4 dígitos cada, e lembrar onde em que posição de cada mala cada um dos objetos estaria, além das senhas de banco, internet banking, e-mail, email2, webmail do trabalho1, webmail do trabalho2, cartão de credito1, cartão de credito2, um outro cartão X....Mais uma desistência..

Mas o pessoal desta loja era solicito e me encaminhou para o local onde não haveria erro. Era 17h50 e até onde consta o horário comercial na capital paulista vai até as 18h. Cheguei e nada. Nem cadeado tinha.

Fui andando pela rua e achei um mercadinho fuleiro. Já estavam recolhendo os varais, vassouras, baldes e entrei antes da porta passar. A história tem um fecho ou desfecho feliz. Encontrei meus cadeados. De código .Alteráveis.

ps: Em tempo. Estamos em quatro cadeados. A TAP estourou um já.

2.4.08

Trânsito, Joca e Adoniran


Perdi três horas no trânsito. Uma hora e quarenta minutos no trajeto do trabalho até um local só para assinar e dar entrada no pedido de um documento. Depois, mais uma hora e vinte minutos só para voltar. O calor de 35º, a lentidão e todos os carros ao redor trouxeram uma irritação fora do comum.

Indignado, eu olhava através das outras janelas em busca de alguma explicação nos rostos alheios. A única válvula de escape era a buzina, na vã esperança de um milagre que este elemento do carro traz embutido consigo. Era só mais barulho, mais raiva. O humor do dia foi contaminado e não tinha mais volta.

Neste dia eu deixei de ganhar três horas de alegria, porque esqueci a receita ensinada por um amigo: “o jeito é ver as coisas como uma grande piada e dar risada”. Eu ainda precisaria retirar o documento na semana seguinte, uma ótima oportunidade de me vingar do trânsito.

O dia chegou e eu já estava preparado para a missão que teria pela frente. Carros, muitos carros, sinais bem fechados, amarelos para o vermelho (na minha vez de passar), esmolas, fechadas, buzinas. Caos.

De dentro do carro mantinha a determinação do bom humor e o sorriso no rosto. Aliás, sozinho posso ter incomodado muita gente. Gente como eu na outra semana que olhava para o carro ao lado em busca de uma explicação e em vez de encontrar alguém nervoso viu um maluco rindo das letras de Zeca Pagodinho e as próprias loucuras.

O resultado foi um impulso para um dia bom. Cheguei atrasado e falante no escritório. Brinquei com todos da recepção até chegar a minha sala. Não será sempre assim, claro, mas em vez de xingar o trânsito e outras coisas chatas vou tentar cada vez mais me blindar de alegria e brindar a vida.

Agora, a mea-culpa politicamente correta e uma porção de dúvidas.

Meu desconforto veio por conta de uma situação que fugiu da minha rotina e eu não soube lidar. Eu demoro 15 minutos da minha casa até o local de trabalho (de carro). E lá mesmo onde trabalho há pessoas que levam três horas para ir e mais três para voltar.

Eu não deveria poder reclamar...
Ou posso?
E devo?
Eu me adaptaria a uma rotina em que gastaria no mínimo seis horas no transporte casa-trabalho-casa?
Em casos de sobrevivência sim?
E nos outros casos?
Será que Joca estava certo quando Adoniran Barbosa cantou: “Deus dá o frio conforme o cobertô”?

20.3.08

Cópias


Eu só queria tirar umas cópias. Mas em troca ganhei umas risadas. Ou será que alguma outra pessoa faria isso? Pois é, ela fez.

5.2.08

Partido-alto

A brincadeira é séria no Cacique de Ramos. Debaixo da famosa tamarineira surgiu o Fundo de Quintal e o samba partido-alto se inventou, reiventou e ganhou outros espaços. De lá a música ecoa com o carimbo dos valores inerentes as palavras comunidade e família. Para entrar na quadra do Cacique de Ramos não é preciso pagar nada e se sai de lá valendo muito mais.

Na roda, uma menininha aparentando no máximo 7 anos te sua vez e nao decepcionou. Com mais de 10 marmanjos tocando, a garota não se intimidou e todos ouvimos "Sem Compromisso" de Chico Buarque, no Cacique de Ramos.

Aquela cena ficou na memória. Fiz um exercício para relembrar as minhas primeiras memórias musicais. Não foi difícil cantarolar mentalemnte alguns comoo se eu ainda fosse criança. A música fez parte da minha casa desde sempre.

Já mais velho, passei a invejar os compositores. Da admiração surge um desejo sadio de querer compor, ter esse dom. Surge também uma pequena frustração porque o ofício não é simples. Seria o mais orgulhoso dos compositores se um dia criasse minha letra. Um samba bem fajuta eu me daria por satisfeito. Misturaira uns versinhos banais, um refrão e um "laialaiá" e teria o meu primeiro e único partido-alto.

Pela definição (ou basta uma breve observação) partido-alto "é um estilo de samba em que os participantes inventam os versos na hora em que estão cantando. É um gênero de cantoria e, por vezes, é também uma forma de desafio"

Refletindo sobre isso respirei aliviado. Afinal de contas é isso comecei a compor há 25 anos. Vida de improviso, jogo de cintura, sonho, desafios, começo, meio, fim e aquelas partes que se repetem, repetem.

Toda vida não passa de um partido-alto.

Ei você aí...Não venha dizer que não gosta de samba, pois já entrou na roda também...


Ofício (Paulo Cesar Pinheiro)

A música me ama
Ela me deixa fazê-la
A música é uma estrela
Deitada na minha cama

Ele me chega sem jeito
Quase sem eu perceber
Quando dou conta e vou ver
Ela já entrou no meu peito

No que ela entra a alma sai
Fica o meu corpo sem vida
Volta depois comovida
E eu nunca soube onde vai

Meu olho dana a brilhar
Meu dedo corre o papel
E a voz repete o cordel
Que se derrama do olhar

Quando termino meu canto
Depois de o bem repetir
Sinto-lhe aos poucos partir
Quebrando enfim todo o encanto

Fico algum tempo perdido
Até me recuperar
Quase sem acreditar
Se tudo teve sentido

A música parte e eu desperto
Pro mundo cruel que aí está
Com medo de ela não voltar
Mas ela está sempre por perto

Nada que existe é mais forte
E eu quero aprender-lhe a medida
De como compõe minha vida
Que é para compor minha morte

30.1.08

Guarda-chuva


Dia chuvoso desanima. Principalmente para pessoas como eu, que por principio não utilizam o guarda-chuva. Considero uma tecnologia pessimista e sem espaço nas calçadas estreitas da cidade de São Paulo.

Os adeptos do guarda-chuva precisam entender que o objeto é grande. E que não é porque estão protegidos da chuva, que não precisam olhar para frente. Na minha modesta opinião, o cidadão guarda-chuvado tem o dever de desviar dos outros, e não o contrário.

A situação piora quando há encontros de transeuntes guarda-chuvado nas duas mãos da calçada. Nenhum dos dois sabe o real tamanho da unidade (pessoa + objeto), mas invariavelmente julgam menor do que é. Trombam. A má conservação do guarda-chuva também oferece perigo. Aqueles ‘braços’ metálicos escapam e podem ferir os inocentes. Sugestão: neste caso o pedestre sem guarda-chuva deve optar por andar na própria rua para evitar maiores acidentes.

Tudo isso quando a chuva cai de forma vertical. Mas há o vento e com ele uma chuva quase vertical. É claro que os guarda-chuvas acompanham esta angulação. Visualizem a massa caminhando com o guarda-chuva em forma de escudo.

Ainda sobre a questão do tamanho do guarda-chuva há outro importante comentário. Quando chove, as árvores – pasmem - ficam molhadas. Os cidadãos guarda-chuvados ignoram o fato de haver cidadãos não guarda-chuvados e num gesto de covardia permitem que o tal objeto atinja as copas das árvores. O resultado é uma precipitação ainda mais densa sobre os pedestres normais.

Depois de utilizado, o que é feito do guarda-chuva? As pessoas carregam o objeto até a porta do estabelecimento e aí? As portas viram um depósito de guarda-chuva molhado. A água escorre e inevitavelmente uma poça se forma na entrada dos lugares. E convenhamos, esteticamente não é bacana. E tem guarda-chuva, amarelo, verde limão, florido, xadrez, preto, branco, de bolinha e por aí vai. .Quem sabe o sr. Kassab não inclui um artigo sobre a questão dos guarda-chuvas na Lei Cidade Limpa.

Adoro quando de tão poderoso o vento faz a minha vingança e faz a parte de cima do guarda-chuva ficar invertida. Ainda mais interessante é briga para reverter a situação. Se objeto escapar e ganhar liberdade, então.

Talvez a chuva seja para ser sentida e não guardada, mas hoje eu confesso que só queria ter uma mísera capa de chuva...

15.1.08

Ladeira São José, nº 12

O Natal seguia adiante. A música, os festejos e a alegria também.

Um coro de primos, tios, tias, agregados entoava os versos de João de Barro e Pixinguinha.

"Meu coração, não sei por que
Bate feliz quando te vê.."

Eis que vão ao meio do 'salão' 179 anos. Ela 87. Ele 92.

"E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo"

Os passos são lentos, cuidadosos. As vozes acompanham.

"Mas mesmo assim
Foges de mim"

Continuam. Aproximam. Dançam.

"Ah se tu soubesses como sou tão carinhosa
E o muito, muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim"

E não importa o que foi passado. Passaram juntos, sempre juntos.

"Vem, vem, vem, vem
Vem sentir o calor dos lábios meus a procura dos teus
Vem matar essa paixão que me devora o coração"

Então se abraçam.

"E só assim então serei feliz"

Sorriem para todos.

"Bem feliz"

Encerram com um beijo delicado, sob aplausos.

E de que importa se ela já nem se lembra e esquece. Ele também já não enxerga como antes. Mas e daí? A alma de tantos anos não esqueceu o que é ser jovem. O coração...Ah, o coração só precisa de um pouco de vida por perto para enxergar, lembrar, sentir e viver um pouco mais.

Com uma dança breve e improvisada mostram com inocência que nunca é tarde, ou melhor, sempre há tempo para a idade e a convivência, juntas, pregarem uma lição àqueles mais novos e apresentarem o verdadeiro espírito de Natal. Com muito carinho.
...

"Este momento aqui não é especial só porque estamos juntos. É a celebraço do nascimento de Cristo, não importa a religião. É um momento de amor e de paz e precisou de eu ir muito longe e de muito tempo para eu poder ver que a familia é a coisa mais importante que tem na vida. E a saúde de vó e vô, que estão aqui junto com a gente é o melhor presente de Natal que todo mundo que está aqui hoje poderia receber e dar. A gente é abençoado e este é o Natal mais abençoado que a gente já teve", Patrícia traduzia em palavras o que todos presentes deixavam escapar pelo cantinho do olho.

Meu coração...