20.5.07

"... O vento vai dizer..."


O vento diz. Um dia andava por uma rua escura, mas era um dia normal. Com exceção do vento. Ele me fazia sentir frio, ou talvez fosse medo da sua força, ou da minha fraqueza diante de tal potência e potencial. Uma vontade de fugir rápido de suas rajadas.

Este vento bateu em minha janela outro dia e me alertou. Era hora de acordar, dizia o barulho do vidro trêmulo da janela.

- A vida é curta para ver. Acorde! Ande! Vá! Seja! Resolva!

Outro dia... Bem, um outro vento - parecia até que estávamos em alguma outra estação - entrou aqui do lado esquerdo. Ali onde mora uma outra pessoa. A coisa foi feia. Foi coisa para um lado e bagunçou. E que bagunça. Ou, talvez, o vento tenha apenas trazido à tona aquilo que, se ficasse onde estava, ficasse, e ficasse, por muito tempo.

A partir daquele dia, tomei uma decisão: quero sentir aquele vento que dá coragem de andar como se ele não estivesse por perto. De peito aberto. Vou enfrentá-lo, mas sem deixar de ouvi-lo.

Sabe aquele vento do dia em as coisas saíram da ordem? Pois é. Ele é capaz ainda de voltar. Soprar forte. Um sopro de conforto para aquela pessoa do lado esquerdo. Um sopro de paz. Tão poderoso a ponto de poder secar o que escorreu por causa da maldita bagunça. Curioso este tal de vento, que vai, volta, gira, arrasta.

Que seja como o vento ventar.

- Você acredita neste clichê de tempestade e bonança?

- Não... ainda não. Vou esperar a tempestade e o que o próximo vento vai dizer!


(Inspirado em O Vento - Los Hermanos)