15.8.07

Silêncios


Como explicar o silêncio? Quando é silêncio? É sempre ausência de som? Existe silêncio absoluto?

Eu, por exemplo, gosto de descasar em paz no meio do mato. O grito do grilo, o zunzum do pernilongo, o sapo sapeando e todos os outros insetos e bichos em uma sinfonia harmônica são sinônimo de silêncio para os meus sentidos.

E quem nunca teve um professor que no meio da mais alta algazarra – daquelas que quando um dos próprios elementos se ausenta do barulho, apenas observa o ruído e não é capaz de entender absolutamente nada - quebrava a situação com um ‘brado retumbante’. É a vez do silêncio que surge nos milésimos de segundos anteriores ao grito.

Tenho inveja de alguns seres dotados de uma capacidade de abstração incomum. Estes são capazes de produzir o que eu chamo aqui de silêncio mental. Cria-se uma barreira independentemente de quantos decibéis lutem para invadir este espaço.

E há também músicas que nos silenciam por dentro, outras que nos calam por fora. Por falar em música, Caetano Veloso diz que melhor que o silêncio é ouvir o mestre da Bossa Nova, João Gilberto.

O silêncio também se faz presente na linha tênue que liga á coragem ao medo. Aquela ausência de som gerador de expectativa de quem será o primeiro a vencê-la. Em alguns, causa o efeito e o impulso de ser o corajoso. Mas a mesma situação provoca em outros a motivação de instaurar o silêncio eterno.

Agora ouçam vocês. O silêncio, ele mesmo, pode ser também falador.